Enuma - Elish

Prof de Hebraico bíblico e moderno do Antigo Testamento.



A compreensão histórica sobre os povos do Crescente Fértil, alterou-se a partir do século XIX EC. Pouco se sabia sobre os povos que ocuparam a Mesopotâmia, sua cultura abrangente e as vicissitudes históricas que os envolveram, até que no século XIX, os expedicionários ao buscarem informações sobre o Império Assírio, se depararam com algo muito mais amplo e rico. 

A Biblioteca de Nínive, também conhecida como Biblioteca de Assurbanípal, é uma coleção de milhares de placas em argila contendo textos em escrita cuneiforme sobre vários assuntos, a partir do 7º século a. C. Dentro desse acervo está a famosa Epopeia de Gilgamesh.


Foi a descoberta da Biblioteca de Assurbanipal na região que havia sido a antiga capital assíria Ninive, que trouxe a tona um amplo acervo literário em escrita cuneiforme, que não apenas permitia conhecer os assírios, mas toda a cultura desde os arcontes, mergulhando em um passado de mais de 5000 anos, ou seja, no mundo dos antigos Sumérios. 

O crescente fértil, o berço da civilização, início da agricultura e sociedades complexas.


A partir daí, percebeu-se o quanto que os povos do Crescente Fértil são devedores da cultura, das ideias religiosas, da invenção da escrita, e de muitas outras coisas que foram produzidas nesse canto do mundo. Sim, os cananeus, Israel e outros povos do Mediterrâneo, são, por assim dizer, filhos dessa cultura, direta ou indiretamente. 


O Enuma-Elish, é um texto cosmogônico babilônico, produzido no primeiro império, no período amorrita do século XVIII a.C, e elaborado com a finalidade de elevar a importância e categoria divina do deus Marduk, o qual até então, não passava de um mediador divino, um filho do deus Enki. Tanto Marduk quanto Babel (Babilônia), até o período dos amorritas, não eram relevantes, e Babel, na verdade era uma pequena cidade chamada Tintira. 


Foi a partir do domínio amorrita na Mesopotâmia, que Tintira passou a configurar como a grande Babilônia, e recebeu a áurea de santidade inexpugnável, principalmente no reinado de Hamurabi. O Enuma-Elish, possui a tríplice função:1) marcar o elevo do deus Marduk;2) da cidade Babilônia; 3) a fundação do santuário, o Ezagila e a torre Entemenanki. Toda cosmogonia (narrativa da criação) entre os povos do Antigo Oriente Próximo, possuía essa triplice função; de operar a transição de um prestígio divino, de fundar a cidade ligada a esse deus, e de sublinhar a importância da existência do seu santuário. Pois, foi após vencer o caos, ou seja, o seu animal atributo Tihamat, que Marduk criou o mundo.

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