Pular para o conteúdo principal

A arte de Caravaggio - A Incredulidade de São Tomé e outros

Fonte:

Arte Cristã:


I. - Caravaggio


Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, nasceu em 29 de setembro de 1571, na aldeia que tem esse nome, e faleceu na comuna de Monte Argentario em 18 de julho de 1610.  Ele foi um dos mais célebres pintores italianos, e atuou em Roma, Nápoles, Malta e Sicília, entre 1593 e 1610. Seu trabalho exerceu importante influência no estilo barroco, do qual foi o primeiro grande representante.



foto de wantanddo, shutterstock.com
A maior parte do trabalho de Caravaggio é focado em temas religiosos. No entanto, muitas vezes   as suas pinturas chocavam os seus clientes. Nos seus quadros, em vez de adotar nas suas pinturas belas figuras etéreas, delicadas, ele preferia escolher por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras. 

Caravaggio procurou a realidade palpável e concreta da representação. Ele não tinha receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distinguem as suas obras. Essa abordagem as vezes chocava seus contemporâneos, pela rudeza das suas pinturas. 

Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros, originou-se o tenebrismo, em que os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz. Muitas vezes chama-se também de efeito  "chiaro - scuro" (Fonte: Wikipedia)


II. Três Obras de Caravaggio


II.1 - A Incredulidade de São Tomé



A obra descreve o episódio narrado no capítulo 20 de João, em que Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos, aparece aos apóstolos e, em especial, a Tomé, que duvidava dos relatos da ressurreição do Mestre, dizendo: "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei?."



Na cena, Cristo diz ao discípulo: "Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente." (fonte: wikipedia)


A Incredulidade de São Tomé, 1599, Palácio de Potsdam



II.2 - A deposição de Cristo


O Sepultamento de Cristo, chamada também de A Deposição de Cristo, é uma das peças-de-altar mais admiradas de Caravaggio e foi pintada em 1603-4 para a segunda capela de Santa Maria in Vallicella (a Chiesa Nuova). Atualmente uma cópia da pintura decora a capela e a original está na Pinacoteca Vaticana. A pintura foi copiada por vários artistas posteriores como Rubens, Fragonard, Géricault e Cézanne. Ela retrata a cena da retirada da cruz e do sepultamento de Jesus.


A deposição de Cristo, 1603-1604, Pinacoteca do Vaticano





Esta pintura da época da Contra Reforma — com uma diagonal de pranteadores e carregadores descendente até o flácido corpo morto de Cristo e a pedra nua — não é um momento de transfiguração, mas de lamento. Conforme os olhos do público vão descendo a partir do brilho, há também um movimento de descida a partir da histeria de Maria de Cleófas passando pelas emoções contidas sobre a morte como o silenciamento emocional final. 



Ao contrário do sanguinolento Jesus pós-crucificação frequente nas mórbidas telas espanholas, os Cristos da arte italiana geralmente morrem sem sangue e seu corpo se posiciona de uma forma desafiadora. Como se enfatizasse a incapacidade do Cristo morto de sentir dor, uma mão penetra na ferida no seu flanco. Seu corpo está representando como o musculoso, cheio de veias e de membros grossos corpo de um trabalhador ao invés do usual corpo esguio. 





Dois homens estão carregando o corpo. João Evangelista, identificado apenas por sua aparência juvenil e seu manto vermelho, segura o Cristo morto sobre seu joelho direito e com seu braço direito, inadvertidamente abrindo-lhe a ferida. Nicodemos agarra-lhe os joelhos com seus pés plantados na beira da laje. Caravaggio balanceou a posição estável, digna, do corpo com os esforços instáveis de seus carregadores. 





Enquanto as faces são importantes para todas as pinturas, nas obras de Caravaggio é sempre importante notar para onde os braços estão apontando. Aqui, o braço caído do Deus morto e seu manto imaculado tocam as pedras; a chorosa Maria de Cleófas gesticula para o céu. Esta seria uma interpretação da mensagem de Cristo: Deus veio à terra e humanidade se reconciliou com o céu. Como sempre, mesmo em suas obras de maior devoção, Caravaggio jamais deixa de lado suas convicções. No centro está Maria Madalena, secando as lágrimas com um lenço branco, com a face encoberta pelas sombras. 



Segundo a tradição, a Virgem Maria é geralmente representada como eternamente jovem, mas aqui, Caravaggio a pinta como uma senhora de idade. A figura da Virgem está também parcialmente encoberta por João; podemos vê-la vestida com o hábito de uma freira e seus braços estão abertos para os lados, imitando a linha da laje de pedra sobre a qual o grupo está. Sua mão direita paira acima da cabeça de Jesus como se ela estivesse se esticando para tocá-lo. Vistas em conjunto, as três mulheres constituem três diferentes expressões complementares do sofrimento. Fonte (Wikipedia)


II.3 - A ceia de Emaús



Essa pintura reflete também a técnica concebida por Caravaggio, conhecida como tenebrismo, a qual consiste na aplicação de um fundo escuro, muitas vezes completamente negro, e incidência de focos de luz sobre os detalhes e normalmente nos rostos.


A Ceia de Emaús, 1601, Galeria Nacional de Londres



A cena desenrola-se numa modesta casa em Emaús, onde se encontram os discípulos. Reflete o instante no qual Jesus abençoa a refeição, revelando-se aos seus interlocutores os quais  retribuem com expressões de espanto ou choque. Embora Jesus esteja no centro da ação, alvo da atenção e espanto dos três pescadores, Jesus não surge aparentando ser uma divindade, mas sim um conselheiro, como exemplo. (fonte: wikipedia)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Elias - Um paradigma do Ministério que prepara o caminho para a volta de Cristo.

Luiz Fontes: Introdução Quando estudamos esse personagem místico analisando a realidade contextual que cercava sua vida espiritual, percebemos que somos completamente limitados, pois não temos materiais suficientes que nos ajude a compreender melhor toda realidade da vida de Elias. Somos apresentados a ele primeiramente como Elias, o tesbita (Rs 17: I). Tisbé era uma cidade da região de Gileade, no Oriente Médio antigo. Os estudiosos da Bíblia não hesitam em enfatizar a obscuridade das raízes de Elias. Precisamos entender que o termo tesbita se refere a um nativo de certa cidade de nome Tisbé, ou algo similar. A localização da cidade é desconhecida". Segundo o irmão Charles Swindoll em seu livro Elias um homem de coragem disse que “a cidade de Tisbé é um daqueles lugares que a areia do tempo escondeu completamente”. Embora, não temos muitas informações sobre a vida deste amado servo de DEUS, somos apresentados a ele numa situação de profunda crise espiritual do povo de DEU...

Como Jesus foi crucificado?

por Tiago Jokura Ilustrações: infographic A morte de Jesus - lembrada pela Igreja , na Sexta-Feira da Paixão - teve início bem antes de ele ser pregado na cruz. Primeiro, Jesus foi submetido a um açoitamento, apenas um dos vários castigos que o enfraqueceriam mortalmente. Preso a uma coluna, Jesus teria sido golpeado nas costas com o flagrum, um chicote com várias tiras de couro e com bolinhas de metal ou lascas de ossos nas pontas. Essas pontas penetravam e esfolavam a pele, causando grande hemorragia e atingindo até músculos e ossos. Citada na Bíblia, uma coroa de espinhos colocada em Jesus - provocação dos soldados romanos ao "Rei dos Judeus" - aumentaria a hemorragia. Para ficar mais firme, ela poderia ter sido fixada a paulada, penetrando veias, artérias e nervos espalhados pela cabeça. Os historiadores que estudam a morte de Jesus acreditam que, ao carregar a cruz, ele tenha levado "só" o patibulum - a parte horizontal, com peso de até 27 kg. O mais provável é...

Estou Lendo - História de Israel - John Bright (Resenha)

(7ª edição, revista e ampliada a partir da 4ª edição original – Bright, John. História de Israel. São Paulo: Paulus, 2003) Por: Danilo Moraes A formação de Bright se deu no Union Theological Seminary, local onde atuou posteriormente como professor ensinando línguas bíblicas. Bright cresceu na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, e bacharelou-se em 1931. Em seguida Bright foi convidado para participar em uma expedição arqueológica em Tell Beit Mirsim, liderada por William Foxwell Albright, e a partir de então Bright passou a ser fortemente influenciado por Albright. Entre 1931-1935 Bright fez seu mestrado e em 1935 de início ao seu doutorado na Universidade de John Hopkins, onde estudou sob orientação de Albright. Seu doutorado foi concluído somente em 1940, após um período em que Bright precisou se afastar dos estudos por motivos financeiros. Tendo seu doutorado concluído assumiu a cadeira no Union Theological Seminary, onde permaneceu até sua aposentadoria em...