Somos levados a acreditar que a violência só acontece no
coração dos criminosos, dos terroristas, mas a maldade
pode estar em cada ser humano.
Somos levados a acreditar que a violência só acontece no
coração dos criminosos, dos terroristas, mas a maldade
pode estar em cada ser humano.
Por Maria Melo
Fará a maldade, parte da condição humana? Será a maldade um comportamento intencional realizado através de uma escolha consciente? Ou estará a maldade associada apenas a comportamentos patológicos. Comecemos por definir a maldade como um ato que se encontra fora da ética padrão de determinada sociedade, que envolve danos à saúde humana.
Comecemos por definir a maldade como um ato que se encontra fora da ética padrão de determinada
sociedade, que envolve danos à saúde humana. Filosofia de Vida Mencio Mong Tse (371 a.C. – 289
a.C), pensador chinês e seguidor de Confúcio, sustentava que “os seres humanos são naturalmente bons, agem dentro da moralidade, são dotados de compaixão e da capacidade de distinguir o bem do mal e, por isso, o mal é resultado de influências externas” Os atos de maldade são muito complexos podendo ser vários os fatores implicados, tais como biológicos, ambientais, genéticos, sociais e políticos.
Poderemos diferenciar a maldade comum, da maldade patológica. Assim, as pessoas associadas à maldade comum apresentariam características como o narcisismo e egoísmo exacerbado, com tendência à vitimização, possuindo uma incrível preguiça para a escolha do bem, com uma grande capacidade de mentir, de esconder as suas intenções, de reverter situações e mascarar quadros, bem como uma preocupação com a aparência, inclusive do ponto de vista da legalidade. No caso da maldade patológica a grande diferença entre os psicopatas clássicos e a maldade comum seria o facto dos primeiros não sentirem culpa nos seus atos e desta forma não sentirem a necessidade de mentir ou de manter as aparências em níveis tão elevados de perfeição, ou seja a maldade comum seria um ato
consciente carregado de culpa.
Se pensarmos na maldade como
um comportamento intencional no
sentido de desumanizar prejudicar,
destruir ou mesmo matar pessoas,
poderemos questionar-nos se perante
as condições favoráveis, poderíamos
todos assumir esse comportamento.
Então o que nos faz escolher entre o
ato de maldade ou a escolha da não
Maldade? Vivemos num mundo rodeado de
violência. A mesma mente humana
que cria as mais belas obras de
arte e maravilhas da tecnologia
extraordinária é igualmente
responsável pela perversão de sua
própria perfeição.
Vivemos a dicotomia entre a escolha
do bem e do mal, sendo estes dois
conceitos aprendidos desde a infância
e através dos valores passados
através da educação e da própria
sociedade. A verdade é que de uma
forma consciente conseguimos diferenciar o bem do mal, uma pessoa
boa de uma pessoa má, através da
análise que realizamos avaliando
comportamentos e atitudes.
O funcionamento mental de uma
pessoa tem uma natureza dialética,
pois oscila entre as forças de
construção e destruição. O conflito
psíquico é inerente, daí a necessidade
de desenvolver uma capacidade para
administrar o conflito, e não extinguilo.
Conseguimos adaptarmo-nos a
qualquer circunstância conhecida
ambiental, a fim de sobreviver, criar e
destruir, se necessário. Não nascemos
com tendências para o bem ou o mal,
mas com modelos mentais para fazer
a escolha entre um ou o outro.
Pesquisas clássicas lideradas pelos
psicólogos americanos Stanley
Milgram e Philip Zimbardo mostraram
que o mais pacato dos seres humanos
poderia cometer atos terríveis se assim
lhe fosse ordenado pelas autoridades,
pois teríamos uma tendência inata à
obediência e à submissão.
Contudo, um novo estudo mais recente
realizado por Alex Haslam, psicólogo
da Universidade de Queensland, na
Austrália, refere que as pessoas que
agem de forma violenta através da
obediência e submissão não são
apenas motivadas pela obediência
cega, mas também demonstram
entusiasmo ao realizar atrocidades.
Pessoas capazes de cometer atos
cruéis não são penas receptoras
passivas de ordens; elas também
se identificam com autoridades
abusivas, e acreditam estar fazendo o
correto mesmo quando são violentas.
Deveremos acreditar no potencial
humano para a transformação. A linha
que separa o bem e o mal encontra-se
no centro de cada coração humano,
através de uma escolha consciente em cada ato na interação e relação
com o outro. Somos todos humanos
e fazemos parte um todo, só com
este reconhecimento, poderemos
com humildade reconhecer as nossas
vulnerabilidades e assim desenvolver
mecanismos para combater as
transformações que nos fazem agir,
como não humanos.
“O mundo não está ameaçado pelas
pessoas más, e sim por aquelas que
permitem a maldade.”
Alber t Einstein
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