Boff, da Teologia da Libertação, fala sobre renúncia do Papa e defende substituto latino-americano

boffVaticano - Diário Liberdade - O teólogo e um dos principais expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, Leonardo Boff (foto), disse que já esperava a renúncia do Papa Bento XVI, anunciada nesta segunda-feira (11).

Em entrevista dada a estatal TV Brasil (vídeo abaixo), ontem à noite, Boff disse que acredita realmente que a renúncia esteja ligada aos problemas de saúde de Bento XVI.
Ele também comentou a sua relação pessoal e profissional que tem com cardial alemão, dizendo que admira e até senti gratidão por Joseph Ratzinger, pois ele foi um dos responsáveis pela publicação de sua tese.
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No entanto, os dois foram obrigados a se enfrentarem por causa do livro "Igreja: Carisma e Poder" em 1984. Segundo o brasileiro, o livro era uma tentativa de aplicar as intuições da Teologia da Libertação para as relações internas da Igreja. Ratzinger "acabou respondendo isso de forma oficial sendo elegante e fino como pessoa e duro como homem de doutrina", desabafou o teólogo. O resultado de tudo isso foi à condenação de Boff a um ano de "silêncio obsequioso" e deposição de todas as funções editoriais e de magistério no campo religioso.
Dada a pressão mundial sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo Boff retomar algumas de suas atividades.
Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, Boff renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo. Continuou na mesma luta de antes, como teólogo da libertação, escritor, professor, conferencista e assessor de movimentos sociais de cunho popular libertador (Movimento dos Sem Terra e as Comunidades Eclesiais de Base).
Ontem, pela manhã no Twitter, Boff também escreveu sobre o assunto. Twittou que "Bento XVI foi controvertido. Tentou interpretar o Vaticano II à luz do Vaticano I: à luz da autoridade do Papa e não da Igreja [do] Povo de Deus". E ainda completou: "Inegavelmente [Ratzinger] colocou o acento no reforço da Igreja hierárquica. Opção básica: reenvagelizar a Europa. Para nós [isso] significa: optar pelos ricos".
Atualmente Leonardo Boff é professor da UERJ e um grande defensor de um novo paradigma ecológico.
Durante a entrevista à TV Brasil ele ainda elogiou o cardeal-arcebispo de Tegucigalpa, Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Líder máximo da Igreja em Honduras o religioso é aberto às inovações e inclusive dialoga com a Teologia da Libertação, segundo Boff. Para ele seria muito bom ter um Papa da periferia do mundo e o cardial Maradiaga seria um bom nome.
No entanto, Maradiaga foi apoiador do golpe de 2009, assim como alta hierarquia católica hondurenha e mundial, que ocorreu no país. Em uma declaração feita em nome da Conferência Episcopal no dia 04 de julho de 2009, ele apoiou o golpe de Estado, afirmando que os seus organizadores "agiram segundo a lei e a democracia de acordo com a constituição". Ele denunciou a ação "anticonstitucional" do presidente Zelaya, mesmo condenando o modo em que ocorreu a sua expulsão do território nacional. E principalmente pediu ao chefe de Estado que não voltasse ao país naquele momento, por medo de "causar um banho de sangue". Logo depois que o golpe adquiriu uma repercussão negativa pelo mundo o cardeal hondurenho tentou defender uma posição imparcial em relação aos acontecimentos no país e um chamado a conciliação, ao dialogo e a paz.
O substituto de Bento XVI deve ser escolhido até a Páscoa.

texto:
http://www.diarioliberdade.org

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