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Os pesadelos tiveram início em Nápoles. Começaram, como sempre acontece, por uma realidade banal.
Havia uma criança que eu costumava visitar na Casa dos Meninos. Chamava-se Antonio. Tinha oito ano, mas era tão miúdo de corpo e de rosto, tão franzino e pálido, que ninguém lhe atribuiria mais de cinco ou seis. Ao perceber minha chegada ao poeirento e pequeno pátio onde brincava com outros garotos, largava imediatamente o jogo e corria para mim, de braços estendidos, chamando-me pelo nome: “Signor Mauro! Signor Mauro!”
Assim que o tomava nos braços, tentava reter-me, pedia que me sentasse e lhe contasse coisas de minha pátria – a que distância ficava de Nápoles, que espécie de gente a habitava que língua se falava e que pássaros e animais havia.

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