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Publicado nos Estados Unidos por uma editora pequena, A Cabana se revelou um desses livros raros que, através do entusiasmo e da indicação dos leitores, se tornou um fenômeno de público - mais de dois milhões de exemplares vendidos - e de imprensa.
Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo tão cruel e injusto, A Cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?
As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de forma tão profunda quanto transformou a dele. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama.

Botando banca

Uma produtora sociocultural na periferia de São Paulo usa o hip hop para educar e profissionalizar jovens carentes

por Tatiane Ribeiro


Botando Banca. Uma produtora sociocultural na periferia de São Paulo usa o hip hop para educar e profissionalizar jovens carentes
Crédito: Filipe Redondo

A cultura de rua contestadora, que aborda violência, preconceito e exclusão, levou Marcelo Silva Rocha, o DJ Bola, a fundar A Banca, uma produtora sociocultural de hip hop no Jardim Ângela, na zona sul da cidade de São Paulo, em 2000. O bairro, em que Bola nasceu e cresceu, já foi considerado um dos mais violentos do mundo — era marcado por brigas de gangues e homicídios quando o DJ começou o trabalho. Bola e seus parceiros tinham uma ideia oposta de como deveria ser o lugar que viviam. Passaram, então, a usar os shows e ensaios abertos dos DJs e grupos musicais do bairro para integrar a comunidade e afastar as pessoas da violência. “Levamos cultura para onde não existia”, diz Márcio Teixeira da Silva, mais conhecido como Makrrão, o tesoureiro do grupo.

Hoje, A Banca é formada por quatro amigos. Além do Makrrão e do DJ Bola, que ocupa a presidência, Alexandre Oliveira — o Negro Antão, e Alan Benelli, conhecido como Alan Shark, trabalham nos diversos projetos da organização. Todos são focados na divulgação da cultura hip hop e de seus quatro elementos: o rap (geralmente cantado pelo MC, que faz “efeitos” sonoros com a boca), a discotecagem (feita pelo DJ), a breakdance (performances de dança de rua) e o grafite (os desenhos nos muros fazem parte da cultura também). Com o objetivo de incentivar talentos locais, A Banca promove dois tipos de shows. Os maiores costumam atrair 5 mil pessoas e têm como chamariz a apresentação de nomes famosos na cena do rap e do hip hop, como os grupos RZO, Ao Cubo e Z'África Brasil. Outro evento, o itinerante Ensaio Aberto, mistura apresentações curtas com workshops sobre a cultura das ruas.

Os participantes que querem se aprofundar na história podem fazer parte das oficinas de DJ, MC e violão ministradas toda semana na garagem da casa do DJ Bola, a sede da organização. Desde 2007, já se formaram mais de 600 jovens da comunidade. “Nos preocupamos em levar conscientização e mostrar que o hip hop pode ser uma ferramenta de sobrevivência”, diz o fundador. Foi o que aconteceu com Rodrigo Alves Araújo, o DJ Zé Bola (qualquer semelhança com seu mentor é mera coincidência). Em 2008, o jovem entrou como aluno na oficina de DJ. Logo passou a dar aulas de discotecagem e hoje, aos 21 anos, tem seu próprio projeto cultural, o Lá do Morro. “Sinto gratificação pelo meu trabalho”, diz Zé Bola.

O lado educacional do grupo também envolve parceria com instituições sociais do bairro, como o Centro Maria-Mariá de Formação e Requalificação Profissional da Mulher. Com isso, A Banca promove em seus eventos discussões sobre a importância do resgate da cultura popular, da atuação política e da participação das mulheres no hip hop. Os integrantes da produtora trabalham ainda em campanhas diretas de educação e saúde. Munidos de equipamentos de som, volta e meia a turma ocupa praças e quadras esportivas da vizinhança e usa o microfone para transmitir informações úteis sobre saúde e serviço público a quem passa por perto. “Somos parte dessa juventude, temos o mesmo estilo, a mesma linguagem e conseguimos chegar até eles e explicar a importância de se cuidar”, afirma Makrrão.

Cientes do impacto desse trabalho, os quatro amigos que formam A Banca desenvolvem novos projetos. Em 2010 concretizaram mais um, o Poetas Escondidos, em que mais de 70 pessoas da comunidade participaram da gravação de um CD. “Além de fazer o bem para as pessoas, fazemos o bem a nós mesmos”, diz Bola. “Moramos aqui, nossos filhos e netos continuarão aqui e por isso lutamos para que eles tenham respeito e mais consciência em busca da qualidade de vida.” Falou bonito.